Liga D das Nações da UEFA 2020/21
- Gabriel Bomfim
- 3 de set. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 8 de set. de 2020
A segunda temporada da Liga das Nações se iniciará hoje. O torneio foi criado sob o pretexto de aumentar o nível do futebol disputado em toda Europa, fazendo com que o calendário de jogos das seleções europeias seja composto com mais confrontos de alto nível.
A competição é dividida entre quatro divisões. Na temporada 2018/19, as divisões foram formadas a partir do ranking de seleções na UEFA. A proposta de rebaixamento e acesso era de que nas Ligas B e C teriam 4 rebaixados para a liga inferior e 4 subiriam para a liga superior a elas. Além de na Liga A as 4 piores seleções caírem e na Liga D as 4 melhores equipes subirem.
Isso acabou não acontecendo porque a UEFA modificou o número de participantes em cada divisão para a temporada 2020/21 evitando rebaixamentos na Liga A de seleções como a Alemanha.
Na temporada 2020/21, a UEFA definiu as Ligas A, B e C com 16 equipes, e a Liga D com 7 seleções. As mudanças nos acessos e nos rebaixamentos ocorrem apenas na Liga C e D. Apenas duas seleções sobem da D para C e duas descem da C para D.
Grupo 1 da Liga D
Os grupos da Liga D estão divididos em grupo 1 com Ilhas Faroé, Letônia, Andorra e Malta, e grupo 2 com Gibraltar, Liechtenstein e San Marino. O grande favorito nessa divisão é a Letônia.
Letônia
A seleção letã é a única entre as 7 equipes desta divisão que já participou da Eurocopa. Em 2004, a Letônia chegou de forma surpreendente a competição tendo se classificado nas eliminatórias para Euro com vitórias fora de casa sobre Polônia e Suécia.
Suécia 0x1 Letônia pelas eliminatórias para a Euro 2004
Na Eurocopa de 2004, a Letônia caiu no grupo da morte. Mesmo com bons jogos contra a Tchéquia e a Alemanha. A Letônia surpreendeu a Tchéquia no primeiro tempo da estreia fazendo 1 a 0, mas tomou a virada sendo derrotada por 2 a 1. Os letões conseguiram um empate por 0 a 0 com a Alemanha no segundo jogo.
A seleção letã precisava vencer a Holanda no último jogo e torcer por um empate entre Tchéquia e Alemanha ou derrota da Alemanha. A Holanda venceu a Letônia por 3 a 0 e a Tchéquia ganhou da Alemanha por 2 a 1. Letônia e Alemanha foram eliminadas.
A Letônia foi obrigada a se renovar depois da Euro 2004 porque a média de idade dos convocados para o torneio era de 28 anos. A renovação teve como principal peça Maris Verpakovskis, ele foi o mais jovem (24 anos) convocado em 2004, além de ter sido artilheiro da seleção nas eliminatórias para a Euro 2004 e fez o único gol letão em Eurocopas.
O nível da seleção caiu nos anos seguintes, mas voltou a crescer nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. A Letônia ficou muito próxima de uma classificação para a repescagem das eliminatórias europeias. Verpakovskis já com quase 30 anos e Aleksandrs Cauņa que estava no começo da carreira.
A seleção letã conseguiu se aproveitar das fragilidades de Moldávia e Luxemburgo para lutar por classificação para o Mundial. Além de conseguir uma vitória importante fora de casa contra Israel por 1 a 0.
As últimas três rodadas foram decisivas para a eliminação da Letônia. Empate em casa com a Suíça por 1 a 1, derrota por 5 a 2 fora de casa no confronto direto com a Grécia e vitória sofrida por 3 a 2 sobre a Moldávia em casa. A Letônia terminou 3 pontos atrás da Grécia e não foi nem para a repescagem.
Desde as eliminatórias de 2010, a Letônia jogou 50 jogos oficiais juntando eliminatórias da Copa do Mundo e da Eurocopa, os letões venceram apenas 8 partidas. Com a base da seleção cada vez mais no futebol local, a seleção letã busca na mescla entre jogadores experientes como o goleiro/capitão Pavels Steinbors (34 anos) e jovens que estão evoluindo como o meio-campo Daniels Ontuzans (20 anos) e o atacante Roberts Uldriķis (22 anos).
Na edição 2018/19 da Liga das Nações, a Letônia teve uma péssima campanha empatando 4 jogos, 2 deles contra Andorra e os outros 2 contra o Cazaquistão. Além de ter sido derrotada 2 vezes pela Geórgia. A projeção pra 2020/21 é uma campanha melhor e a subida para a Liga C.
Ilhas Faroé
A outra seleção que tem boas chances de subir de divisão na Liga das Nações é Ilhas Faroé. A evolução futebolística da seleção pode se relacionar ao fato de que Ilhas Faroé é um território dependente da Dinamarca. Por essa proximidade, alguns dinamarqueses se naturalizam feroeses.
Um bom exemplo disso é o dinamarquês naturalizado feroês é Todi Jónsson que é o segundo maior artilheiro da história da seleção feroesa com 9 gols. Ele se aposentou da seleção em 2005.
Ilhas Faroé tem conseguido cada vez mais bons resultados. O primeiro grande resultado da história dos feroeses foi a segunda vitória da seleção dois anos depois de se filiar a FIFA, Ilhas Faroé venceu a Áustria por 1 a 0 em casa em 1990 pelas eliminatórias para a Eurocopa de 1992. O resultado foi atípico.
Ilhas Faroé 1x0 Áustria pelas eliminatórias para Eurocopa de 1992
A seleção feroesa venceu poucos jogos até que a partir de 2009 melhorou seus resultados tendo conseguido outra vitória histórica em 2014. Ilhas Faroé surpreendeu ao ganhar da Grécia fora de casa por 1 a 0. No ano seguinte, os faroeses derrotaram os gregos por 2 a 1 em casa. As 2 partidas foram disputadas nas eliminatórias da Euro 2016.
O que pode favorecer ainda mais Ilhas Faroé é seu retrospecto contra adversários do grupo da Liga D 2020/21. Os feroeses enfrentaram a Letônia 3 vezes, ganharam 1 e empataram 2, o mesmo acontece nos confrontos com Andorra. Já contra Malta o favoritismo é maior porque nas partidas que disputaram, Ilhas Faroé venceu 3 e Malta ganhou apenas 1.
Os craques da equipe feroesa são Jóan Símun Edmundsson e Hallur Hansson. Os dois são experientes. Edmundsson já com 29 anos está no topo da carreira, ele foi titular do Arminia Bielefeld no título da segunda divisão alemã, mas não foi convocado para os 2 primeiros jogos da Liga das Nações. Hansson por sua vez tem 28 anos e não é tão badalado como seu companheiro de seleção, mas dos convocados para as primeiras partidas do torneio é o que mais vestiu a camisa de Ilhas Faroé.
A seleção feroesa teve uma campanha razoável na Liga das Nações em 2018/19. Ilhas Faroé teve três resultados positivos, 1 vitória em casa e 1 empate fora de casa contra Malta, além do empate em casa com Kosovo que teve a melhor campanha do grupo. O meio-campo René Joensen marcou 1 gol em cada um desses 3 bons jogos, que foram os únicos pela seleção em 26 partidas.
Andorra
As duas outras seleções do grupo 1 são Andorra e Malta. Elas não estão acostumadas a vencer e têm como base os jogadores de clubes locais. Andorra é uma seleção envelhecida que não evolui, entre os convocados estão atletas que são profissionais há 20 anos. A falta de renovação andorrana faz com que os resultados permaneçam ruins desde sempre.
A seleção filiada a FIFA em 1996, conseguiu apenas 3 vitórias em 112 jogos contando eliminatórias da Eurocopa e eliminatórias da Copa do Mundo. Além disso, Andorra nunca venceu os três adversários do grupo. A renovação tem de começar agora colocando por exemplo o mais jovem dos convocados, o goleiro Iker Álvarez que está no time C do espanhol Villareal e tem apenas 19 anos.
Na Liga das Nações de 2018/19, os andorranos foram os únicos a conseguir um empate contra a Geórgia, mas os outros resultados foram 3 empates e 2 derrotas. Se Andorra conseguir vencer algum jogo já será surpreendente.
Malta
Malta é uma seleção que pratica futebol desde o fim dos anos 50. Mesmo com décadas em campo, a seleção maltesa nunca mostrou evolução. As vitórias sempre são esporádicas. Até agora, Malta venceu apenas 6 jogos entre 208 partidas jogados por eliminatórias para Mundiais e eliminatórias da Eurocopa.
A seleção maltesa fez uma má campanha na Liga das Nações de 2018/19, empatando 3 jogos, 2 contra o Azerbaijão e 1 contra Ilhas Faroé. E perdendo 3 partidas. Malta renovou seu elenco para a edição 2020/21 contando com uma seleção jovem que tem como principal jogador, o inglês naturalizado maltês Luke Gambin.

Luke Gambin jogando por Malta
O atacante tem 27 anos e jogou a vida toda em clubes ingleses tendo atuado principalmente na quarta divisão da Inglaterra. Gambin joga na seleção desde 2016 e disputou 26 partidas por ela. Ele ainda não marcou seu primeiro gol por Malta, mas é a esperança de momentos melhores para os malteses.
Grupo 2 da Liga D
Enquanto no grupo 1, Letônia e Ilhas Faroé disputam favoritismo para quem vai subir. No grupo 2, é difícil imaginar o que vai acontecer entre Gibraltar, Liechtenstein e San Marino.
San Marino
A possibilidade mais real do é que San Marino não ganhe nenhum jogo. A seleção san-marinense venceu apenas uma partida em sua história. Foi num amistoso contra Liechtenstein em 2004, vitória de San Marino por 1 a 0 em casa. Além disso empatou apenas 4 jogos, dois deles em eliminatórias de Copa do Mundo e uma partida em eliminatórias para Eurocopa. A seleção conseguiu perder 157.
O número gols marcados pela seleção san-marinense é muito baixo são apenas 24 gols, enquanto sofreu 699. Tirando o ídolo Andy Selva que é o maior artilheiro da equipe com 8 gols, um deles foi o da única vitória san-marinense, e tirando Manuel Marani que tem 2 gols por San Marino, os outros artilheiros da seleção marcaram apenas 1 gol.
Na Liga das Nações 2018/19, San Marino perdeu os 6 jogos, não fez gols e sofreu 16. O único alento é que a seleção nunca enfrentou Gibraltar e pode surpreender o adversário. Assim como pode conseguir uma nova vitória contra Liechtenstein.
Liechtenstein
Liechtenstein tem a vantagem de ter alguns jogadores disputando torneios na Suíça porque os principais times do país jogam nas divisões inferiores do futebol suíço e algumas vezes o principal clube chamado Vaduz jogou a primeira divisão suíça.
A seleção liechtensteinense conta com resultados mais favoráveis que seus rivais do grupo. Apesar de nunca ter feito boas campanhas em eliminatórias de Mundiais e eliminatórias de Euros, os liechtensteinenses comemoraram mais gols e mais vitórias.
Liechtenstein venceu por exemplo em 2017, o Catar fora casa por 2 a 1 em amistoso. A seleção catariana pode ser medida como um bom adversário porque dois anos depois foi campeão da Copa da Ásia com a mesma base do amistoso jogado contra Liechtenstein.
Os principais jogadores convocados por Liechtenstein para a estreia na Liga das Nações 2020/21 serão; o jovem de 24 anos Dennis Salanović e o experiente Nicolas Hasler de 29 anos. Os dois são bem entrosados por jogar na mesma equipe, o suíço Thun.
A seleção liechtensteinense tem retrospecto equilibrado contra Gibraltar, em 3 jogos cada seleção venceu 1 e empataram 1 jogo. Já contra San Marino, Liechtenstein ganhou 2 partidas, empatou 1 e perdeu 1 vez. A campanha de Liechtenstein na Liga das Nações 2018/19 foi ruim. A equipe venceu apenas Gibraltar com 2 a 0 em casa e empatou apenas com a Armênia por 2 a 2 em casa, além disso perdeu 4 jogos.
Gibraltar
Gibraltar é a seleção mais recentemente filiada a FIFA (2016), mas já era membro da UEFA desde 2013. A falta de experiência pesou nos primeiros anos, até agora a seleção gibraltina perdeu os 10 jogos em eliminatórias para Copa do Mundo e as 18 partidas pelas eliminatórias da UEFA.
Os gibraltinos evoluíram nos últimos dois anos e fizeram uma campanha surpreendente na Liga das Nações 2018/19. Gibraltar venceu a Armênia fora de casa por 1 a 0 e ganhou de Liechtenstein por 2 a 1 em casa. O lateral direito Joseph Chipolina marcou 1 gol em cada vitória, mas não foi convocado para a estreia no torneio de 2020/21.
Armênia 0x1 Gibraltar na Liga das Nações 2018/19
O maior artilheiro da seleção gibraltina com 3 gols, Lee Casciaro foi convocado para a Liga das Nações 2020/21. Apesar de ser o mais velho do elenco com 38 anos, é uma das grandes apostas de Gibraltar para a competição.
A seleção conta com apenas três jogadores que não jogam no futebol local. Reece Styche de 31 anos que joga no Buxton, clube 7ª divisão inglesa. O jovem de 20 anos Louie Annesley que está na categoria de base do tradicional inglês Blackburn. E o goleiro Dayle Coleing que tem 23 anos e joga pelo norte-irlandês Glentoran. Gibraltar pode surpreender com esses atletas.
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