Criação da Champions League Africana Feminina
- Gabriel Bomfim
- 8 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
A Confederação Africana de Futebol (CAF) confirmou no dia 30 de junho a criação da Champions League Feminina da África, a primeira edição acontecerá em 2021. O presidente da CAF, o malgaxe Ahmad Ahmad disse à imprensa que é preciso criar competição entre os clubes africanos para que o nível das seleções do continente aumente.
A Champions League Africana ainda não tem informação sobre quantidade de equipes ou sobre formato da competição. O torneio ajudará na profissionalização das jogadoras africanas e fortalecerá os campeonatos nacionais do continente.
As principais ligas africanas
Na África, quatro ligas (Argélia, Costa do Marfim, Nigéria e Senegal) se apresentam como as mais fortes e tradicionais. Na Nigéria, a primeira edição foi em 1990 e atualmente também é disputada a Copa da Nigéria, isso ajudou na consolidação do futebol nigeriano como o melhor do continente, isso é claramente visto na Copa Africana de Nações (CAN) que foi vencida pela seleção nigeriana em 10 das 12 edições.
A Costa do Marfim teve seu primeiro torneio em 1985, mas de 1993 a 1995 não teve disputa, a seleção marfinense nunca se destacou tendo ficado no máximo em terceiro lugar na CAN de 2014.
A Liga de Senegal estreou em 1997 e não foi disputada em 1999, 2000 e 2008, a seleção senegalesa só disputou uma vez o torneio continental perdendo os três jogos em 2012. O Campeonato da Argélia começou em 1999, o torneio só não foi disputado em 2001, o futebol feminino argelino é o mais estruturado ao lado do nigeriano, além da liga nacional também são disputadas a Copa da Argélia e a Copa da Liga da Argélia.
Como os torneios de 2020 em todo o continente africano estão sendo adiados ou foram cancelados devido a pandemia de Covid-19, as vagas para a Champions League Africana devem ir para equipes vencedoras de 2019, mas por enquanto isso é algo especulativo porque não sabemos que países terão representantes.
O futebol feminino africano conta com 54 seleções, mas somente 25 disputam vagas na Copa Africana de Nações, na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Se as vagas da competição de clubes forem distribuídas de acordo com os rankings de seleções da FIFA, existe uma grande chance de Nigéria, Camarões, África do Sul, Gana e Costa do Marfim terem representantes. Com isso teríamos os clubes Rivers Angels (Nigéria), Louves Minproff (Camarões), JVW (África do Sul), Sekondi Hasaacas (Gana) e Onze Soeurs (Costa do Marfim) que são os atuais campeões nacionais.

Jogadoras do Rivers Angels comemorando um gol
Pioneirismo no futebol feminino
Apesar da maior parte do futebol feminino africano ser amador, alguns times africanos dão exemplo para o mundo do futebol. O Kick4Life é um clube de Lesoto, o primeiro campeonato do país foi em 2015 e contou com 8 clubes incluindo o Kick4Life. A equipe anunciou que a partir da temporada 2020/21 pagará jogadores do futebol feminino e do masculino igualmente, com isso o Kick4Life se tornará o primeiro time de primeira divisão no mundo a pagar de forma igualitária atletas de diferentes gêneros.
Existem outros exemplos de pagamento igualitário no futebol africano, as seleções da Etiópia e da África do Sul pagam igualmente os salários de seus jogadores, e o clube nigeriano Edo Queens faz o mesmo.
Veteranas lendárias que jogam nos clubes africanos
A evolução do futebol dos clubes africanos através da Champions League pode ter a ajuda de duas craques veteranas que já foram eleitas melhores da África: a guinéu-equatoriana Genoveva Añonma que ganhou o prêmio em 2012 e a sul-africana Noko Matlou vencedora de 2008.
Añonma é a melhor jogadora da história de Guiné Equatorial, ela ajudou a seleção a ser bicampeã da Copa Africana de Nações (2008 e 2012) e jogou uma Copa do Mundo (2011), única participação de sua seleção no torneio. No Mundial, a craque marcou os dois gols de sua seleção e foi eleita para integrar a seleção de melhores atletas da Copa do Mundo de 2011. Añonma é até hoje a única jogadora de uma seleção africana entre as melhores de um Mundial. Añonma começou a carreira em 2002, ela teve seus melhores momentos de 2011 a 2015 jogando pela grande equipe alemã Turbine Potsdam, outro bom momento da atleta foi a passagem pelo Atlético de Madrid de 2016 a 2017. Atualmente ela joga no guinéu-equatoriano Deportivo Evinayong.
Matlou é uma jogadora histórica da África do Sul. Ela começou jogando como atacante, mas há alguns anos se tornou zagueira, mesmo com a mudança de posição continuou a se destacar. A craque jogou como atacante nos Jogos Olímpicos de 2012 e como zagueira na Olimpíada de 2016. Ela também jogou a Copa do Mundo de 2019, a única participação da África do Sul em Mundial. Ela jogou por toda carreira em equipes sul-africanas. O melhor momento de Matlou foi no Brazilian Ladies (time feminino do Mamelodi Sundowns). A veterana de 34 anos joga no First Touch.

Noko Matlou jogando pelo First Touch
Mais jogadoras como Genoveva Añonma e Noko Matlou vão surgir para o mundo durante o torneio continental sendo inspiradas pelas próprias veteranas adversárias. A decisão da CAF é um passo muito importante para a melhoria das condições para as jogadoras africanas, isso influenciará daqui a alguns anos trazendo avanços fora de campo e ótimos resultados para as seleções africanas.
Competições continentais
A África será o quarto continente com torneio continental de futebol feminino. O primeiro campeonato foi a Champions League na Europa em 2001 e que atualmente conta com 62 clubes de 50 países. A segunda competição foi a Libertadores na América do Sul que estreou em 2009 e agora tem a participação de 16 equipes de 10 países. E a terceira é o Campeonato de clubes da Ásia que teve sua primeira edição em 2019 contando apenas com 4 equipes, com Austrália, China, Coreia do Sul e Japão representados.
Duas competições subcontinentais também são jogadas. Na Ásia existe o Campeonato de clubes do Sudoeste Asiático que estreou em 2019, o torneio teve 5 times que representavam Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Líbano e Palestina. Já na CONCACAF é disputada desde 2016 a Copa Interclubes da América Central, que atualmente tem 7 participantes de 7 países (Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá).
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